junho 15, 2021 Por Haras Vista Verde

O ESPORTE EM IGUALDADE DE CONDIÇÕES

O objetivo desse post não é de maneira nenhuma uma crítica a “A” ou “B” e sim uma expressão clara do que particularmente penso em relação ao Esporte em igualdade de condições e ao bem estar animal.

Um antigo e maravilhoso criador dizia que existem 3 tipos de criadores de cavalo:

  • Os que acham que vão ganhar dinheiro,
  • Os que querem status,
  • Os que amam este animal.

Infelizmente, o terceiro tipo, dizia ele, são apenas 10% dos criadores.

Não dar drogas aos animais, é um princípio de quem ama os animais e defende o “bem estar” animal.

Em nossas famílias, defendemos filhos longe das drogas. Porque então dar aos nossos cavalos?

O Segundo ponto importante é que, se um proprietário de cavalos de corrida usa drogas não permitidas, ele está “disputando” com vantagens sobre aqueles que não usam drogas proibidas.

Quando assumi o Jockey Club de Sorocaba, fui apoiado pela Comissão de Corridas, para cuidarmos forte destes dois itens importantes para a perenidade e credibilidade do esporte:

  • Bem estar animal
  • Corridas em igualdade de condições

Para isso, fui apresentado ao Dr. Thomas Wolff, convidado pela FEI (Federação Equestre Internacional) para ser o Presidente da Comissão Veterinária nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Ele que tinha recém ingressado, (na época do convite), a comissão de quatro veterinários nos Jogos Olímpicos Equestres Mundiais em 2014 na Normandia.

Convidei o Dr. Thomas Wolff para ser consultor no Jockey Club de Sorocaba, para o bem estar animal e o cuidado com o controle de antidoping, buscando o “esporte em igualdade de condições”.

Dr. Thomas Wolff, Doutor na Universidade de Zurique-Suíça, prontamente entendeu os objetivos e numa deferência especial, aceitou a missão, que cumpriu durante os 2 anos de nosso mandato na Presidência do Jockey Club de Sorocaba.

Uma de suas primeiras decisões, foi a realização de TODOS OS EXAMES DE ANTIDOPAGEM em um dos cinco únicos laboratórios homologados pela IFHA (International Federation of Horseracing Authorithies).

Apenas 5 laboratórios no mundo são homologados IFHA. Pela proximidade, rapidez e relacionamento com a AQHA (American Quarter Horse Association) escolhemos o Laboratório da Universidade de Davis na Califórnia (EUA) – KENNETH L. MADDY EQUINE ANALYTICAL  CHEMISTRY LABORATORY.

Os outros laboratórios são:

  • AUSTRÁLIA (RACING ANALYTICAL SERVICES LIMITED)
  • FRANÇA (LABORATOIRE DES COURSES HIPPIQUES)
  • INGLATERRA (LGCP GROUP SPORT & SPECIALISED ANALYTICAL SERVICES)
  • HONG KONG (HONG KONG JOCKEY CLUB RACING LABORATORY)

Porque optamos por um laboratório referência IFHA? Porque o esporte depende de apostas e de credibilidade para ter longa vida (perenidade).

Nos Estados Unidos, por exemplo, quando alguém usa um medicamento proibido e é descoberto, isto é caso de POLÍCIA. É ESTELIONATO. Sabe porquê? Porque este alguém ludibriou apostadores.

Foi assim que seguimos durante os dois anos de mandato.

Houve gente contra? Lógico! Muito mais por falta de informação, do que por não desejar o bem estar animal e o esporte em igualdade de condições.

Com isso, terminado nosso mandato, todo trabalho e esforço de conscientização que desenvolvemos em 2018/2019, foi despresado. Dispensaram Dr. Thomas Wolff e voltaram a fazer os exames antidopagem no laboratório do Jockey Club de São Paulo.

Vale aqui uma ponderação sobre alguns ensinamentos, que nos foram fornecidos pelo Dr. Thomas, nas palestras a proprietários e treinadores durante sua gestão.

Existem medicamentos PROIBIDOS e existem medicamentos BANIDOS.

Um medicamento proibido nas corridas é o CLEMBUTEROL.

Este medicamento é super útil quando usado para tratamento, pois é uma substância broncodilatadora e também expectorante, útil no tratamento de animais que precisam diminuir a quantidade de secreções e muco nos brônquios, facilitando a passagem de ar.

Mas o CLEMBUTEROL, usado sem o fim de tratamento, torna-se um “anabolizante”, acelerando o metabolismo, como a efedrina e drogas para a tireóide.

Pode ter efeitos colaterais como nervosismo, palpitações, cefaleias, taquicardia, arritmia, que não combinam com o bem estar animal.

Medicamentos BANIDOS do esporte, são os que realmente prejudicam o animal e são muitos como: cafeína, cocaína, etc.

No site do Jockey Club de Sorocaba há um COMUNICADO IMPORTANTE  sobre as listagens regulamentares para controle de antidoping, através da lista de medicamentos da FEI (Federeration Equestre Internacionale) e RCI (Racing Comissioners International).

Infelizmente nos últimos dois anos, mesmo com os exames sendo feitos em São Paulo, diversos casos de animais que usaram medicamentos proibidos e banidos apareceram.

Isto é ruim para o esporte, ruim para os apostadores e atrapalham a credibilidade da instituição, afastando novos interessados neste esporte dos “REIS”.

Ah, então você é contra o uso de medicamentos proibidos?

Sim, pois amo o cavalo e defendo o bem estar animal.

Sim, porque apenas com igualdade de condições irá sobressair o cavalo com melhor genética, criação e treinamento.

É lógico e natural que pode acontecer o caso de um animal ser flagrado com medicamento proibido por desconhecimento de quem aplicou, e até sem intenção.

Isto pode acontecer uma vez, talvez até duas…mas várias vezes, é querer vencer em vantagem de condições sobre os demais.

Apenas com criadores e proprietários conscientes, sabendo o que querem, com coragem para banir quem quer estragar nosso divertimento, é que superaremos este momento.

É fácil inverter os fatos. É fácil fechar os olhos, mas com isso, nossa paixão “vai pelo ralo”.

Se você tiver curiosidade, veja as resoluções da Competente Comissão de Corridas no site do Jockey Club de Sorocaba.

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