Mães adotivas
A raça Quarto de Milha é amplamente reconhecida por sua versatilidade e, especialmente, pelas facilidades que oferece no manejo reprodutivo. Graças às técnicas de inseminação artificial e transferência de embrião, o processo de reprodução é significativamente facilitado, permitindo que as reprodutoras permaneçam no próprio Haras. Nesse caso, quem “viaja” é o sêmen do cavalo, que pode ser utilizado tanto fresco quanto congelado. Essa flexibilidade contribui enormemente para a eficiência e o bem-estar das reprodutoras.
Por outro lado, a situação é bem diferente para os criadores de Puro-Sangue Inglês (PSI), conhecidos por suas exigências rigorosas no processo reprodutivo. O Puro-SangueIinglês, sendo uma raça voltada para corridas de longa distância, não permite o uso de sêmen fresco ou congelado. Toda a cobertura deve ser feita de maneira natural no Haras do reprodutor, e ainda, esse processo precisa ser documentado com filmagens. Isso significa que a égua reprodutora deve viajar até o local onde o garanhão está alojado, independentemente da distância.
O grande desafio surge, quando consideramos que o melhor período para cobrir uma égua reprodutora é durante o cio do potro, que ocorre entre o sétimo e o décimo dia após o parto. Viajar com uma égua que acabou de parir e seu potro, de apenas dez dias, é uma tarefa arriscada e perigosa.
Conversando com amigos de outros Haras de Puro-Sangue Inglês, como o renomado Haras Rio Iguaçu, os amigos “Pelanda”, perguntei como eles lidavam com essa situação. Fui informado de uma prática interessante: a utilização de “amas de leite”, que adotam o potro recém-nascido, permitindo que a égua viaje para ser coberta em outro Haras sem precisar levar o potrinho ao pé.
Recentemente, tivemos um caso no Haras Vista Verde onde essa prática se mostrou vital. Um potro nasceu aqui na semana passada, mas, infelizmente, sua mãe sofreu de “bambeira” e acabou falecendo.
Para salvar o potro, adotamos o protocolo de adoção por uma ama de leite. O resultado foi positivo, e o potro foi salvo graças a essa técnica de “maternidade adotiva”, que trouxe um final feliz para uma situação que poderia ter sido trágica.
Essa experiência reforça a importância de compartilhar conhecimentos e práticas entre os criadores, garantindo o bem-estar e a saúde dos nossos cavalos, mesmo em situações adversas.